sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Morri por alguns minutos

Ontem vivi o pior pesadelo da minha vida...
Fui na consulta pré-natal, de rotina, e logo depois buscar a Gi na escola, que é pertinho do consultório... como cheguei uns minutos mais cedo, fiquei esperando o término do horário de aulas, não quis atrapalhar a rotina... tocou o sinal e a turminha dela demorou um pouco para vir, então, como tinha que buscar o Giovanno e fazer o jantar, resolvi buscá-la na sala... chegando lá, olhei pela janela e não a vi, imaginei que ela tivesse dormido, porque ela estava com sono quando foi para a aula... perguntei para uma das professoras onde ela estava e ela disse: "não sei"... e perguntou para a outra professora, que também não sabia... daí olhou no quarto e no banheiro que tem dentro da sala de aula e nada... já comecei a ficar com o coração acelerado... daí ela abriu a porta e falou, na maior calma: "vamos ver se ela está no berçário, porque ela gosta de ir lá" (??!!??)... já fui com passos apressados.. lá ela também não estava...

Nesse momento abriu-se um buraco sob meus pés, meu chão sumiu...

Eu não sabia o que fazer, onde procurar... eu só olhava para o portão enorme, aberto e ficava imaginando minha filha saindo por ele tranquilamente e então perdida por aí...
As professoras ficaram num corre-corre sem rumo procurando ela... eu corri na coordenadora e falei que não achavam a Giovanna... ela tentou me acalmar dizendo que não se perdiam crianças naquela escola... mas eu continuava vendo as professoras correndo desesperadas... eu fiquei meio sem reação... queria gritar, chamar.. não conseguia... queria correr, procurar... não conseguia... queria chorar, me desesperar... não conseguia...

De repente uma grita :"achei"...

Vlupt... o chão voltou para debaixo dos meus pés... o sangue voltou a circular nas minhas veias... eu voltei a respirar... mesmo assim, não consegui correr, não consegui chorar... não tinha uma estrutura de uma célula do meu corpo que não estivesse tremendo...

Cheguei perto dela, que estava no colo da primeira professora com quem falei e que chorava absurdamente (quase que eu tenho que acudí-la), e perguntei: "Filha, onde você estava?" e ela, com a cara mais inocente e sapeca do mundo, sem a menor noção do que estava acontecendo, me respondeu: "mamãe, eu tava codidinha no banheiro pá moiá o cabelo"...

Não me perguntem quantos copos de água eu tomei... só lembro que foram vááários, todo mundo me trouxe um... também não sei como saí da escola e cheguei, dirigindo, no Banco para buscar o Giovanno... eu devo ter sido guiada por Deus, ou alguém que me protegeu...
Quando cheguei em casa, parece que ela sentiu o que aconteceu... me deu um abraço que demorou muito... nessa hora eu desabei... chorei demais... e ainda choro... só de lembrar...

Foram os cinco minutos (acho) mais longos e terríveis da minha vida... por esse tempo eu perdi minha filha.... não queiram imaginar o que é isso, porque ninguém vai conseguir... por pior que você pense, não é nem perto do que realmente é...

Milhões de coisas passam ao mesmo tempo pela cabeça... onde ela estará?como estará?com quem estará?será que vou encontrá-la?não vou mais sentir seu cheiro, seu abraço, seu beijo... não vou vê-la crescer, se formar, casar... não vou ouvir sua voz me chamando, cantando, gritando... não vou mais ficar nervosa com suas artes, birras... não vamos rezar pro anjinho ficar "peiz" na hora de colocá-la para dormir... não vamos mais dar bom dia para o dia todas as manhãs... não vou ouví-la pedindo para cantar o cocoricó ou o txutxucão... não vou ensiná-la a cozinhar... não vou ensiná-la a andar de bicicleta...

Ficou uma "dor na alma"... vai passar... eu sei que vai...

Mas choro quando ela me olha e sorri... choro quando a vejo andando... sentando... levantando... cantando, falando, brincando.... choro...

Laurinha já teve sua primeria grande provação na vida... não nasceu.. ufa...

"Obrigada, Deus, por me permitir continuar guiando os passos dessa anjinha... por ter me permitido colocá-la para dormir ontem, em seu berço, bem tranquila e segura... por me permitir continuar dançando txutxucão no tapete da sala..."

Mãe, desculpa a vez que me escondi dentro da geladeira ou que sumi no zoológico...
Irmã, o susto que você me deu em Viçosa se fingindo de assaltante foi fichinha perto desse...

5 comentários:

Anônimo disse...

Uma loucura, heim....
Também fiquei com o coração apertado ao ler e até chorei, é verdade.
Quando morava em Cristina (uma minúscula cidade mineira), meu irmão, com 4anos, saiu atrás do meu pai que foi jogar bola no campo da cidade, mas ele simplesmente atravessou a cidade para chegar no campo. Os vizinhos não estranharam ele andando pois pensavam que minha mãe estaria junto, logo atrás com as meninas. Nesse dia minha mãe "morreu por alguns minutos", até encontrá-lo sentado na arquibancada tomando um picolé. Não é para acalmá-la, mas que acontecem com outras mães também!
Beijos
Érida

Anônimo disse...

ARRE ÉGUA!!!

QUE PUTA SUSTO!!!

Essa minha afilhada é muito levada da breca! HA! HA! HA!

Aguenta coração!
Beijos,
Dedel.

Aline disse...

Aiiii, só de ler deu uma sensação meio 'desesperadora'... Graças a Deus foi só mais uma arte!!!
Bjssssssss

Ihopein disse...

Isso acontece, Carla.
Por mais que a gente se preocupe, fique em cima e etc... isso acontece.
Quantas vezes a gente se perdeu de nossos pais no mercado, no shopping e no zoológico.
Passam aquelas 5 horas em 5 Minutos em que pensamos que nossos pais nos deixaram. É mesmo complicado.
Mas a Lindona da Giovanna taí, né!
Abraços na Família.

Anônimo disse...

Carla, isso é só o começo da jornada fantástica que é ser mãe e pai.
Muitas peripécias e arte estão por vir, pode acreditar.
Esperamos sempre que nossos "anjinhos" estejam protejidos e que possamos ter maturidade e serenidade pra encaminhar essa galera. Tenho certeza que você e o Giovanno vão dar conta do recado.

Beijão e que a jornada de vocês seja sempre e feliz.

Renato