Ontem vivi o pior pesadelo da minha vida...
Fui na consulta pré-natal, de rotina, e logo depois buscar a Gi na escola, que é pertinho do consultório... como cheguei uns minutos mais cedo, fiquei esperando o término do horário de aulas, não quis atrapalhar a rotina... tocou o sinal e a turminha dela demorou um pouco para vir, então, como tinha que buscar o Giovanno e fazer o jantar, resolvi buscá-la na sala... chegando lá, olhei pela janela e não a vi, imaginei que ela tivesse dormido, porque ela estava com sono quando foi para a aula... perguntei para uma das professoras onde ela estava e ela disse: "não sei"... e perguntou para a outra professora, que também não sabia... daí olhou no quarto e no banheiro que tem dentro da sala de aula e nada... já comecei a ficar com o coração acelerado... daí ela abriu a porta e falou, na maior calma: "vamos ver se ela está no berçário, porque ela gosta de ir lá" (??!!??)... já fui com passos apressados.. lá ela também não estava...
Nesse momento abriu-se um buraco sob meus pés, meu chão sumiu...
Eu não sabia o que fazer, onde procurar... eu só olhava para o portão enorme, aberto e ficava imaginando minha filha saindo por ele tranquilamente e então perdida por aí...
As professoras ficaram num corre-corre sem rumo procurando ela... eu corri na coordenadora e falei que não achavam a Giovanna... ela tentou me acalmar dizendo que não se perdiam crianças naquela escola... mas eu continuava vendo as professoras correndo desesperadas... eu fiquei meio sem reação... queria gritar, chamar.. não conseguia... queria correr, procurar... não conseguia... queria chorar, me desesperar... não conseguia...
De repente uma grita :"achei"...
Vlupt... o chão voltou para debaixo dos meus pés... o sangue voltou a circular nas minhas veias... eu voltei a respirar... mesmo assim, não consegui correr, não consegui chorar... não tinha uma estrutura de uma célula do meu corpo que não estivesse tremendo...
Cheguei perto dela, que estava no colo da primeira professora com quem falei e que chorava absurdamente (quase que eu tenho que acudí-la), e perguntei: "Filha, onde você estava?" e ela, com a cara mais inocente e sapeca do mundo, sem a menor noção do que estava acontecendo, me respondeu: "mamãe, eu tava codidinha no banheiro pá moiá o cabelo"...
Não me perguntem quantos copos de água eu tomei... só lembro que foram vááários, todo mundo me trouxe um... também não sei como saí da escola e cheguei, dirigindo, no Banco para buscar o Giovanno... eu devo ter sido guiada por Deus, ou alguém que me protegeu...
Quando cheguei em casa, parece que ela sentiu o que aconteceu... me deu um abraço que demorou muito... nessa hora eu desabei... chorei demais... e ainda choro... só de lembrar...
Foram os cinco minutos (acho) mais longos e terríveis da minha vida... por esse tempo
eu perdi minha filha.... não queiram imaginar o que é isso, porque ninguém vai conseguir... por pior que você pense, não é nem perto do que realmente é...
Milhões de coisas passam ao mesmo tempo pela cabeça... onde ela estará?como estará?com quem estará?será que vou encontrá-la?não vou mais sentir seu cheiro, seu abraço, seu beijo... não vou vê-la crescer, se formar, casar... não vou ouvir sua voz me chamando, cantando, gritando... não vou mais ficar nervosa com suas artes, birras... não vamos rezar pro anjinho ficar "peiz" na hora de colocá-la para dormir... não vamos mais dar bom dia para o dia todas as manhãs... não vou ouví-la pedindo para cantar o cocoricó ou o txutxucão... não vou ensiná-la a cozinhar... não vou ensiná-la a andar de bicicleta...
Ficou uma "
dor na alma"... vai passar... eu sei que vai...
Mas choro quando ela me olha e sorri... choro quando a vejo andando... sentando... levantando... cantando, falando, brincando.... choro...
Laurinha já teve sua primeria grande provação na vida... não nasceu.. ufa...
"Obrigada, Deus, por me permitir continuar guiando os passos dessa anjinha... por ter me permitido colocá-la para dormir ontem, em seu berço, bem tranquila e segura... por me permitir continuar dançando txutxucão no tapete da sala..."Mãe, desculpa a vez que me escondi dentro da geladeira ou que sumi no zoológico...Irmã, o susto que você me deu em Viçosa se fingindo de assaltante foi fichinha perto desse...